ELEITA PRIMEIRA MULHER PRESIDENTE DO BRASIL

O Brasil elegeu no dia de hoje, 31 de outubro de 2010, em segundo turno, sua primeira mulher Presidente, a Ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, do governo Lula, Dilma Rousseff (PT). Após quatro meses de uma campanha que escorregou para discussões fora de tempo, morais e religiosos, marcadamente no segundo turno, relegando para segundo plano, as propostas sobre os temas tradicionalmente caros à nação como Saúde, Segurança, etc. A candidata venceu as eleições, obtendo mais de 56% dos votos válidos contra quase 44% dados a seu oponente José Serra (PSDB) em um pleito em que a abstenção superou os 20 milhões de um universo de 135.804.433 de eleitores. Dilma Rousseff se torna neste domingo o 40º presidente da República brasileira. A presidente eleita vai comandar pelos próximos quatro anos o país considerado a oitava economia do mundo e a maior da América Latina.

Grandes desafios para o Governo Dilma

Política -A oposição, composta por PSDB e DEM, vai administrar praticamente a metade do eleitorado brasileiro. Derrotado na corrida à Presidência, o PSDB saiu das eleições como o campeão na disputa pelos Estados (oito vitórias) e terá grande parte do eleitorado brasileiro sob sua administração, representando 64,2 milhões, ou 47,5% do total. Mendes Thame, o presidente do PSDB disse que os tucanos continuarão como principais opositores do governo “pelo fato de ter governadores em Estados importantíssimos, como São Paulo, Minas e Paraná”. Sabe-se, contudo, que a força desta oposição dependerá da homogeneidade da mistura do café com leite (São Paulo e Minas Gerais), que se conseguir de agora em diante. Sem contar com a pressão interna e permanente exercida pelo maior partido aliado, o PMDB. De acordo com as primeiras declarações pós-pleito, o partido não cederá em nada da participação que tinha no Governo Lula, onde o PMDB manteve sob controle seis, dos vinte e três Ministérios do governo petista.

Segurança- Os brasileiros estão expostos ao crescimento da violência e às altas taxas de criminalidade. A degradação do espaço público, as dificuldades ligadas à reforma das instituições da administração da justiça criminal, a violência policial, a ineficiência preventiva de nossas instituições, a superpopulação nos presídios, as rebeliões, fugas e degradação das condições de internação de jovens em conflito com a lei, são apenas alguns dos problemas mais urgentes. O Brasil é o sexto país do mundo com o maior número de homicídios (25,2 por 100 mil habitantes), o que corresponde a aproximadamente 50.000 assassinatos por ano. No México, que possui características semelhantes ao Brasil, a taxa de homicídios é de 9,3 por mil habitantes. O País tem se tornado um território quase livre para a entrada e comercialização de armas e drogas e convive com todas as conseqüências deste pesadelo, especialmente pela ineficiência de sua Política de Segurança.

Saúde-Maior desafio do próximo presidente na saúde é garantir o financiamento adequado ao SUS e resolver as falhas na saúde. O gasto público em saúde no Brasil atualmente equivale a cerca de 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto), sendo que para garantir a universalidade do SUS (Sistema Único de Saúde) seriam necessários ao menos 6%. Conseguir mais recursos para o sistema e definir prioridades de investimento serão o maior desafio do próximo governo no setor, afirmam especialistas.

Economia- Segundo estudiosos, o próximo governo terá um grande nó econômico para desatar, o gargalo em torno dos aeroportos brasileiros. Há ainda, as questões da guerra cambial e dos gastos públicos. Executivos do mercado financeiro também levantam uma série de dificuldades relacionadas à valorização excessiva do real, aumento nas taxas de juros e a queda do dólar. O aumento da dívida pública também foi apontado como um gargalo.

Tecnologia- Um estudo divulgado em encontro de telecomunicações e tecnologia Futurecom, em São Paulo, indica que o atual cenário da banda larga móvel no Brasil não conseguiria atender à demanda de um evento como a Copa do Mundo de 2014. Outra pesquisa, esta uma parceria da Cisco com a universidade de Oxford, afirma que a qualidade de conexão da internet brasileira ainda está abaixo da média. Assim, na área de tecnologia, o próximo governo terá como desafio colocar o país no cenário das nações que oferecem serviços de qualidade para seus internautas, além de aumentar a quantidade de pessoas conectadas.

Esporte- Com Copa do Mundo e Jogos Olímpicos na agenda dos próximos anos, o futuro governo terá de superar desafios em educação, alto rendimento e infra-estrutura. Essas três esferas são fundamentais para abrigar megacompetições como as previstas para o país em 2014 (Copa) e 2016 (Olimpíadas). O mandato presidencial vai até o ano da Copa do Mundo, mas será preciso deixar o projeto para as Olimpíadas bem encaminhado para o próximo mandato.

Combate à Corrupção- Apuração de escândalos seguirá na transição Lula-Dilma. Dilma Rousseff terá que dividir a montagem da sua equipe de governo em meio a explicações sobre dois escândalos que marcaram sua campanha, o caso Erenice Guerra (Tráfico de influência na Casa Civil) e a quebra do sigilo de familiares de José Serra(PSDB) e de tucanos, sobre o qual a Polícia Federal sinalizará nos próximos dias se irá aprofundar a investigação. Nos dois casos, a oposição não descarta propor CPIs caso a investigação da PF não seja conclusiva. A sindicância do governo instalada para apurar a participação de servidores no esquema de lobby na Casa Civil também deverá ser concluída antes da posse. A sindicância detectou que o esquema de lobby não se restringia à Casa Civil, mas contava com a participação de dois outros órgãos vinculados à Presidência da República-GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e SAE (Secretaria e Assuntos Estratégicos). Um aspecto interessante a ser observado e que certamente o será, seja pelos olhos atentos da oposição, pela sociedade civil consciente que introduziu a "Lei da Ficha Limpa" na política brasileira, assim como pela imprensa instrumentalizada e habilitada no exercício de sua missão, será a coragem que se deve ter, no momento em que se fizer necessário, para cortar na própria carne.

*