segunda-feira, 20 de agosto de 2012

OS JOVENS E AS FINANÇAS

As dificuldades na relação do homem com finanças são históricas. O próprio Jesus Cristo, há cerca de dois mil anos, mencionou o assunto em várias ocasiões por meio de parábolas ou aconselhando diretamente a seus interlocutores.

Nos tempos atuais não é diferente, continua desafiadora a administração dos recursos financeiros e econômicos, especialmente na sociedade ocidental e capitalista onde a gama de produtos disponibilizados é praticamente interminável e os apelos à compra altamente persuasivos.

Na realidade do consumismo, construída sobre fatos reais e fantasiosos e a partir de necessidades primárias e imaginárias,  o frenesi do consumo é entendido como um movimento natural.  Decorre de tal comportamento que, praticamente todos os sonhos desta mesma sociedade, passam a restringir-se a "sonhos de consumo".
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Em geral é na  busca pela realização dos sonhos de consumo  que muitos se perdem em dívidas, e em tal pesadelo perdem anos preciosos de vida, impedidos que se tornam de sonhar ou realizar outros sonhos.

Não cabe à publicidade, como às bulas de remédios, a tarefa de advertir sobre os 'efeitos colaterais" de compras irresponsáveis. É exclusiva responsabilidade do adquirente avaliar sua capacidade de pagamento, assim como ponderar sobre os possíveis percalços no decorrer do percurso entre o ato da compra e a quitação completa do produto.

Portanto, a tarefa de advertir os jovens desde a infância sobre  os temas financeiros cabe primeiramente à família e à escola, que podem e devem ser auxiliadas por outras instituições, também interessadas na formação de uma sociedade saudável e equilibrada. O ensino sobre como lidar com as finanças deve começar o mais cedo possível na vida dos indivíduos.

Dados estatísticos demonstram que os jovens são os mais suscetíveis ao descontrole financeiro, especialmente ao se defrontarem com a autonomia, por ocasião da maioridade. Eles precisam de orientação no uso dos primeiros ganhos, com objetivo de começarem a se planejar e lançarem as bases de um futuro com segurança. 

Nesta fase da vida a pessoa geralmente se esquece que a liberdade também tem regras, que, se observadas podem facilitar bastante a administração da área financeira. A juventude precisa saber, por exemplo, que o volume das despesas pode ser no máximo igual ao das receitas. O que equivale a dizer que, ninguém  pode gastar mais do que ganha sem graves consequências, tais como tornar-se inadimplente e ter o nome no cadastro de maus pagadores junto aos órgãos de  proteção ao crédito.

De acordo com analistas, em geral os jovens começam a enfrentar as primeiras dificuldades assim que recebem as primeiras remunerações profissionais. As razões para tal são várias,  desde a ingenuidade de acreditarem na publicidade enganosa a respeito das “facilidades de pagamento", dos "suaves parcelamentos" e das "taxas de juros igual a zero”, entre outros.


A satisfação dos “sonhos de consumo", aliada a facilidades como: conforto das compras pela internet (comércio eletrônico), a agilidade no pagamento com o dinheiro de plástico (cartões de crédito) e a simplicidade no parcelamento por meio de tais cartões, têm levado especialmente as faixas etárias mais jovens a muito descontrole financeiro, obrigados que passam a conviver com o efeito da "bola de neve", juros sobre os juros nas renegociações, que parecem intermináveis. 

Especialistas em Economia Doméstica dão algumas dicas sobre como os jovens devem proceder na administração de suas finanças para evitar problemas nesta área tão importante de suas vidas. 

Aconselham que o jovem deve, primeiramente, dividir os sonhos de consumo em pelo menos três categorias: os de curto prazo (até um ano), os de médio prazo (até 10 anos ) e de longo prazo (acima de dez anos). A seguir passaria ao planejamento propriamente dito. Alegam que, nesta fase, é preciso levantar o custo de cada sonho assim como o quanto deve ser reservado por mês para realizar cada um deles no tempo pretendido. Eles garantem ainda que o esforço e a renúncia empreendidos nas etapas do planejamento e execução do mesmo são, em geral, bastante recompensados na satisfação que se obtêm ao atingir as metas estabelecidas. 

Assim, é necessário que o jovem saiba exatamente quanto ganha por mês, seja de mesada, de salário, de bolsa de estudos ou de quaisquer outras fontes. No segundo momento, é imprescindível que se dedique à fazer uma  lista de todas as coisas com que costuma gastar (transporte, lanche na escola, maquiagem, acessórios, cinema, roupas e sapatos, balada, guloseima, cursos e outros por exemplo. É imprescindível ainda, manter uma anotação com atualização diária, de todos os gastos ou despesas durante o mês, tanto as maiores quanto as aparentemente mais irrelevantes, sabendo que cada centavo conta no fechamento.

Com tal prática será possível detectar aquilo com o quê se gasta menos e com o quê se gasta mais durante o mês.  A partir desta verificação, será possível proceder eventuais cortes em áreas mais “gordas”, engordar áreas mais magras ou engordar o porquinho. Outra dica importante, segundo os analistas financeiros, é separar um montante regular para poupança. Um fundo de reserva é sempre bem-vindo, podendo servir para cobrir gastos eventuais com despesas obrigatórias não planejadas evitando endividamento futuro, ou mesmo satisfazer aqueles “sonhos de consumo” que não constam na lista dos prioritários.

Durante o exercício da execuçãodo planejamento financeiro será preciso familiarizar-se com a calculadora. Deve-se subtrair do valor mensal recebido o valor necessário para poupar por mês para conquistar os sonhos de consumo. O valor que sobrar será o limite mensal para se gastar. Neste momento, algumas escolhas se impõem, tais como a de questionar se a balada é realmente necessária, se as roupas não podem esperar e se o aparelho novo de celular é realmente indispensável.

Quanto às compras parceladas, os especialistas aconselham que é bom estar atento sempre. Eles alertam sobre a existência de determinados conceitos propagados como: taxa de juros igual a zero e suaves prestações que cabem no seu bolso, por exemplo.  Dizem que juro zero não existe e que as parcelas que cabem no seu bolso hoje, amanhã poderão não caber. Afirmam que, empregos são perdidos, despesas obrigatórias não previstas podem ocorrer e que fatalidades diversas podem comprometer a capacidade de pagamento em períodos relativamente curtos,  mesmo da noite para o dia. 

Assim, seja no cartão, no cheque ou no boleto bancário, é preciso desconfiar das facilidades  anunciadas. Na prática, a administração financeira é bem mais complexa do que parece, especialmente para os marinheiros de primeira viagem. Mas a observância de princípios bem simples tende a evitar os dissabores, o estresse e o desconforto gerados com o desregramento financeiro. Afinal, já são tantos os problemas e desafios inevitáveis da mocidade, que é sabedoria pura evitar mais este incômodo e desgastante transtorno. Mesmo porque, como diz um conhecido ditado jovem da atualidade:  “Ninguém merece! 

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