No dia dois de junho de 2010, o Presidente Lula instituiu o Dia Nacional da Marcha para Jesus. À cerimônia, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), compareceram o presidente da Câmara, Michel Temer; o senador e “bispo” Marcelo Crivella (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo, fundador da Igreja Universal; a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e o casal da Igreja Renascer Sônia e Estevam Hernandes.
E no dia três de junho de 2010, na capital paulista, aconteceu o referido evento, ajuntando, segundo estatísticas da PM, dois milhões de simpatizantes. O percurso foi da estação Tiradentes do metrô até a Praça Heróis FEB (Força Expedicionária Brasileira), o ponto alto de concentração. Teve como principais personagens o conhecido casal “apóstolo” Estevam Hernandes e sua esposa a “bispa” Sônia, fundadores da Igreja Renascer em Cristo. São recém chegados ao Brasil, após cumprirem pena nos Estados Unidos por tentarem entrar no país com dinheiro não declarado escondido em uma Bíblia. Respondem também a processo na Justiça brasileira por evasão de divisas e falsidade ideológica.
Os dois comandaram a festa, com entradas no palco para orações e discursos, intercalados com shows de diversos cantores evangélicos e bandas. O palco foi um dos 14 trios elétricos que animaram o evento, onde trinta e cinco bandas se apresentam. Os participantes, incluindo muitos jovens, cantaram orações em ritmos como rap, rock, axé e hard core. Ao lado dos “religiosos” mais midiáticos do país, como o casal acima citado e Marcelo Crivella, a Marcha para Jesus recebeu ainda a candidata do governo à Presidência em 2010, Dilma Rousseff.
Eram dois milhões de pessoas aplaudindo líderes religiosos brasileiros que foram punidos nos EUA por portarem recursos não-contabilizados. Fichinha, diante dos dólares ilegais enviados para o exterior para pagamento de campanha feitos a Duda Mendonça, do “escândalo do mensalão” onde o empresário Marcos Valério foi o pivô de uma rede de recursos ilegais. Fichinha também frente aos dólares filmados sendo colocados na bolsa e na cueca de assessores do governo do Distrito Federal e dos dólares da ‘oração da propina’ dos religiosos do governo Arruda, entre tantos outros. O Brasil, que acabou de aprovar o Projeto da Ficha Limpa, aplaude o Brasil da ficha suja, acompanha seu barulho e marcha atrás de seus trios elétricos com trejeitos de showmício e arremedos de religião.
O evento, conhecido por Marcha para Jesus reforça a idéia de que este é mesmo um país de contradições, que busca soluções para seus problemas desprovido de lucidez. Uma multidão desorientada na inconsistência dos horizontes políticos e na fraude da religião sem Deus, seguindo o barulho dos dois. Esta marcha pode ser qualquer coisa, para qualquer um, menos para Jesus. O próprio Jesus Cristo, segundo Mateus 24:5, alertara: “Porque muitos virão em meu nome, e enganarão a muitos”.
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