domingo, 10 de novembro de 2013

UFMBPIBGOIÂNIA 2013 - " MISSÕES, O MEU CHAMADO "


“O mundo hoje espera do Brasil, a esperança".
Estava entre os cânticos entoados na abertura da programação da MCA PIB em Goiânia, na tarde do dia 05 de novembro de 2013,  um hino do Hinário para o Culto Cristão, cuja letra constitui um dos mais inspirados poemas de Myrtes Matias.

Uma das estrofes deste hino diz: “Nossa gente quer viver em segurança, busca a paz em crenças vãs e tradições. Há urgência em repartirmos a esperança, que em Cristo nos inunda os corações”. Estas contundentes expressões sintetizavam o título: “MISSÕES, O MEU CHAMADO", assunto sobre o qual o grupo passaria a considerar.


Após a devocional, dirigida pela Coordenadora - geral, irmã Odete Daris, colocou-se à frente de uma bandeira do Brasil que estendeu sobre a mesa, a irmã Alcini Sousa, que discorreria sobre missões. Começou por traçar uma panorâmica sobre a visão e estratégias dos batistas brasileiros, no intuito de evangelizar o país. Citou algumas das dificuldades próprias de um país tão múltiplo, com dimensões territoriais tão vastas, especialmente às vésperas de sediar dois eventos mundiais de grandes proporções como a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Lembrou que, ao contrário do que ocorreu no passado, recebendo missionários estrangeiros em suas terras, o Brasil passou a preparar e a enviar missionários ao mundo inteiro, através de sua Junta de Missões Mundiais, afirmando: “O mundo hoje espera do Brasil a esperança". 

Em seguida, leu o trecho bíblico em João 4.35, no qual Jesus Cristo levanta uma reflexão sobre missões, fazendo uma analogia com elementos do dia a dia da maioria de seus interlocutores, oriundos que eram de uma sociedade agrária, tais como campos ou lavouras, ceifa, colheita. A palestrante disse que também aqui no Brasil, os cristãos são chamados a colher, bastando para isso dirigirem-se aos campos onde os frutos encontram-se maduros, já que segundo ela,  o trabalho do levantamento tem sido feito pela Junta de Missões Nacionais. 

Explicou que o apoio ao trabalho da JMN pode ser feito de, pelo menos três maneiras, orando, contribuindo e divulgando missões. Informou que, atualmente, são 563 missionários batistas em território brasileiro desenvolvendo projetos variados e atendendo a grupos diversificados, tais como de moradores de rua,  pessoas no sistema prisional, pessoas surdas, indígenas, tribos urbanas, pessoas de diferentes etnias, crianças, dependentes químicos. Ressaltou que, por causa da multiplicidade de problemas para resolver em tais grupos, há uma necessidade grande de investimento na habilitação e aperfeiçoamento dos diferentes ministérios envolvidos, visando um melhor atendimento a tais segmentos, alcançando-os em suas particularidades.
Para os moradores de rua, informou que fazer missões implica em manter templos abertos 24 horas por dia. Disse que em projetos como o Cristolândia, por exemplo, que atende ao mesmo tempo moradores de rua e dependentes químicos em área central da Cidade de São Paulo, o atendimento multidisciplinar é feito 24 horas por dia.

Disse que outros ministérios têm características próprias para atendimento a encarcerados do Sistema Prisional brasileiro. Disse ainda que outro segmento atendido pelo programa missionário dos batistas brasileiros são as comunidades surdas em várias partes do território nacional, enfatizando: "E, estes tem sido alcançados em muitas regiões por LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais. O clamor do silêncio tem ecoado no Brasil ". Alegou que as iniciativas da igreja batista brasileira junto ao segmento surdo, tem contribuído para inserir a pessoa surda socialmente, já que os surdos costumam ser indivíduos desconfiados, por causa dos traumas a que foram submetidos historicamente.

Como exemplo de tais iniciativas, cita o Dynamis (Ministério com Surdos da Primeira Igreja Batista em Goiânia), prestes a completar 30 anos, lembrando que através do mesmo muitos surdos já tiveram a vida transformada pelo Evangelho de Jesus Cristo em Goiás, nestas últimas três décadas.
   

Dizendo que  as crianças são um capítulo especial em se tratando do tema missões, informou que no Brasil são 33 milhões delas na vulnerabilidade social (conceito, em geral relacionado à pobreza, aplicado a pessoas expostas à exclusão social, muitas vezes sem teto, sem voz e dependentes de outros). Disse que um grande contingente de crianças brasileiras estão crescendo sem qualquer base moral, sem estrutura familiar e que 80% das crianças no país, violentadas sexualmente, são vítimas de familiares e conhecidos. 

Lembrou que o tráfico de drogas, implementado no Brasil, especialmente a partir da década de 1980, também passou a aliciar crianças para seus objetivos torpes, destruindo-lhes a alma e roubando-lhes a infância. Informou que, com relação às crianças, os batistas brasileiros mantêm no país três grandes orfanatos e expandem o PEPE (Programa de apoio ao desenvolvimento da criança em família na comunidade) dentro do país e estendendo-o a outros países da América Latina. Segundo ela, a denominação, através de sua Junta de Missões Nacionais, implementa  ainda outros programas como um denominado CALÇADA, que resgata crianças e acaba por atrair também outros membros de sua família para o Evangelho de Jesus Cristo.





Outros grupos no foco de Missões Nacionais dos batistas, são segundo a professora, as tribos urbanas. Informou que as mesmas são grupos distintos na sociedade, em geral apresentando-se com indumentária não convencional e atitudes próprias. Citou, como exemplo, os Emo, os Góticos e as prostitutas. Mencionou ainda os programas batistas para evangelização dos povos indígenas brasileiros pela Junta de Missões Nacionais, falando também sobre a evangelização relacionada a outros grupos étnicos. Disse que são 11 missionários enviados para este fim e que eles têm alcançado as colônias de povos estrangeiros dentro do Brasil, tais como os hispânicos, os ciganos, os árabes, africanos, chineses, japoneses e tantos outros. Alegou que o Brasil, que tem por tradição ser receptivo e acolhedor, tem recebido ao longo de sua história, gente de todo o mundo e explicou que, neste sentido, o trabalho de Missões Nacionais complementa o de Missões Mundiais. "Porque, desta forma,  alcança-se o mundo,  aqui dentro de nosso próprio país", observou.


A palestrante concluiu, tendo atrás de si a bandeira amassada, estendida sobre a mesa. Como uma incômoda alegoria da realidade brasileira, quando a sociedade civil organizada, representada pelo Terceiro Setor, protagoniza as iniciativas por mudanças diante da inércia das inúmeras bandeiras. Bandeiras em causa própria, em geral alheias aos temas nacionais relevantes para o conjunto da sociedade. O que enseja conclusões como as de Myrtes Matias, cantadas de norte a sul: “Nossa gente quer viver em segurança, busca a paz em crenças vãs e tradições. Há urgência em repartirmos a esperança, que em Cristo nos inunda os corações”, que prossegue com outra indagação, não menos desconcertante: "Como cantar nossa crença, deixando na treva imensa, o povo que é nosso povo, a terra que é nossa terra, Senhor?". Assim, o Brasil batista faz coro com a inquietação de sua grande poetisa ao referir-se ao céu, mas sem dúvida alguma quando canta, está  falando também de Brasil, de corrupção, de desigualdade, de impunidade. E denunciando  injustiças.



 
                                                                                   Imagens: UFMBPIBGOIÂNIAIMAGENS

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