sexta-feira, 18 de maio de 2012

A ARTE DE OUVIR ANJOS (OUTROS AUTORES)

Somos tocados pelas histórias, sobretudo as bem contadas pelos grandes escritores.
Quando convivemos com pessoas, há outro tipo de história capaz de nos lançar na memória da ternura. 

É a história que o outro nos conta, para falar do que dá significado à sua vida, seja pela presença, seja pela ausência, na alegria e na angústia. 

Quando nos dispomos a ouvir a história do outro, nós nos colocamos diante de um espelho, como se o nosso rosto fosse tomando forma na contemplação sonora.
Escutar o relato do outro é para quem valoriza as experiências daquele que se abre ao nosso redor, mesmo que as nossas vivências pareçam mais sublimes.

Manter o ouvido atento aos lábios alheios significa afirmar que o outro é um igual, numa espécie de registro de sua plena aceitação. O grito agora é que não somos nem melhores nem piores que os outros.

Ao criar um ambiente para o outro falar, contribuímos para que ele organize sua própria vida, até então desconexa, diante dos nossos olhares.

Quando ouvimos o outro, paramos por um pouco de nos considerarmos o centro da galáxia, como se fôssemos o sol em torno do qual os planetas orbitam.

Ouvir o outro é como ler sonetos sem métrica e sem rima, menos bonitos, mas mais densos em suas verdades cheias de amargura ou de gratidão.

Então, se estamos de acordo sobre o valor de ouvir a história do outro, a pergunta é por que falamos tanto de nós mesmos?

Se ouvíssemos os outros, escutaríamos anjos. 
_________________________________________________________________________________________
 Texto de Israel Belo de Azevedo publicado no endereço:  http://www.prazerdapalavra.com.br/bom-dia/5681-bom-dia-a-arte-de-ouvir-anjos.html .

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por ter vindo!