Somos tocados pelas histórias, sobretudo as bem contadas pelos grandes escritores.
Quando convivemos com pessoas, há outro tipo de história capaz de nos lançar na memória da ternura.
É a história que o outro nos conta, para falar do que dá significado à sua vida, seja pela presença, seja pela ausência, na alegria e na angústia.
É a história que o outro nos conta, para falar do que dá significado à sua vida, seja pela presença, seja pela ausência, na alegria e na angústia.
Quando nos dispomos a ouvir a história do outro, nós nos colocamos diante de um espelho, como se o nosso rosto fosse tomando forma na contemplação sonora.
Escutar o relato do outro é para quem valoriza as experiências daquele que se abre ao nosso redor, mesmo que as nossas vivências pareçam mais sublimes.
Manter o ouvido atento aos lábios alheios significa afirmar que o outro é um igual, numa espécie de registro de sua plena aceitação. O grito agora é que não somos nem melhores nem piores que os outros.
Ao criar um ambiente para o outro falar, contribuímos para que ele organize sua própria vida, até então desconexa, diante dos nossos olhares.
Quando ouvimos o outro, paramos por um pouco de nos considerarmos o centro da galáxia, como se fôssemos o sol em torno do qual os planetas orbitam.
Ouvir o outro é como ler sonetos sem métrica e sem rima, menos bonitos, mas mais densos em suas verdades cheias de amargura ou de gratidão.
Então, se estamos de acordo sobre o valor de ouvir a história do outro, a pergunta é por que falamos tanto de nós mesmos?
Se ouvíssemos os outros, escutaríamos anjos.
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Texto de Israel Belo de Azevedo publicado no endereço: http://www.prazerdapalavra.com.br/bom-dia/5681-bom-dia-a-arte-de-ouvir-anjos.html .
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