quarta-feira, 18 de abril de 2012

A BÍBLIA E AS TRADUÇÕES (OUTROS AUTORES)

A Bíblia  é o livro mais lido, traduzido e distribuído do mundo – desde as suas origens, foi considerada sagrada e de grande importância. E, como tal, deveria ser conhecida e compreendida por toda a humanidade. A necessidade de difundir seus ensinamentos, através dos tempos e entre os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções para os mais variados idiomas.  É possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em cerca de  2.539  línguas diferentes. 

Primeiras traduções-Estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os judeus que viviam no estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em hebraico: com o cativeiro da Babilônia, os judeus da Palestina também já não falavam mais o hebraico.

Septuaginta (ou Tradução dos Setenta)- Esta tradução foi realizada por 70 sábios, ela contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica, pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C.  A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.

Tradução Brasileira-Também conhecida como Versão Brasileira, Versão Fiel ou Bíblia "Tira-Teima", a Tradução Brasileira foi publicada em 1917, como parte de um pioneiro projeto de tradução bíblica que levou 11 anos para ser concluído (1903 a 1914). Trata-se da primeira tradução totalmente realizada em solo brasileiro, e feita pela primeira vez com o português do Brasil. Para o inédito trabalho, criou-se à época uma comissão de tradução liderada por Hugh Clarence Tucker, missionário metodista norte-americano, que contou ainda com líderes religiosos do Brasil e Estados Unidos. Alguns notáveis da literatura nacional, entre os quais Rui Barbosa, José Veríssimo e Heráclito Graça, atuaram como consultores linguísticos.

Até a década de 1950, a Tradução Brasileira era amplamente usada por muitas igrejas cristãs, em um contexto em que não havia abundância de edições da Bíblia. Depois, a Tradução Brasileira foi levada em conta na atualização do texto de Almeida no Brasil, que resultou na Almeida Revista e Atualizada (RA).
Mas, como forma de resgatar um monumento da história da tradução bíblica nacional, a Tradução Brasileira ganhou nova versão em 2011. A segunda edição trouxe algumas alterações e atualizações em relação ao texto bíblico de 1917, embora ainda mantenha as características de linguagem da época.

As principais mudanças ocorridas foram a atualização gramatical e ortográfica, de acordo com as normas atuais da língua portuguesa, bem como a utilização das formas aportuguesadas na grafia dos nomes próprios. Originalmente, na Tradução Brasileira, os nomes haviam sido transliterados, como, por exemplo, Jehoshaphat, Habakkuk, Nebuchadnezzar e Zephanias. Na nova edição, os nomes aparecem grafados como Josafá, Habacuque, Nabucodonosor e Sofonias, respectivamente. A Tradução Brasileira mantém seu valor na literalidade e continua a ser a aclamada Bíblia "tira-teima".



A PALAVRA DE DEUS EM 2.539 IDIOMAS

Relatório Mundial de tradução de Escrituras apresenta os avanços dos trabalhos nessa área, que visam fazer com que a mensagem bíblica esteja ao alcance de todas as pessoas, na linguagem que lhes fala ao coração.

Para cumprir a missão de ampliar o acesso ao texto bíblico, as Sociedades Bíblicas de todos os países, bem como outras organizações dedicadas à tradução bíblica, vêm trabalhando em parceria com instituições  missionárias e tradutores para produzir, a cada ano, Escrituras em idiomas de todos os continentes. Nos últimos dois anos, houve um expressivo avanço nesse trabalho, com a publicação de 30 edições inéditas do texto bíblico, entre as quais sete edições  do Novo Testamento e dez da Bíblia completa.
De acordo com o Relatório Mundial de Tradução de Escrituras, publicado pelas Sociedades Bíblicas Unidas (SBU) a partir de informaçoes coletadas pelo Museu da Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) e pelo setor de Bíblias das SBU na Biblioteca da Universidade de Cambrigde, na Inglaterra, até 31 de dezembro de 2011, já foram registradas publicações de texto bíblico em 2.539 diferentes línguas: 1.241 Novos Testamentos, 823 porções bíblicas e 475 Bíblias completas. “Esses esforços em traduzir a Palavra de Deus para todos os povos devem ser motivos de agradecimento a Deus. No entanto, é preciso ter em mente que existem mais de 6,9 mil idiomas no mundo e, há ainda inúmeras pessoas que não têm acesso à mensagem e aos valores bíblicos na língua que lhes fala ao coração”, avalia Erní Seibert, secretário de Comunicação e Ação Social da SBB e responsável pela elaboração do documento.
O continente africano lidera o número de traduções, com 743 idiomas, seguido pelo asiático, com 618. Nas Américas, já foram realizadas 515 traduções. Os países da Oceania somam 449 traduçoes e os da Europa têm 210. Existem ainda três publicações em idiomas construídos, como, por exemplo, o esperanto. O relatório não apresenta apenas registros de traduções realizadas pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Ele inclui Escrituras traduzidas e publicadas por diversas organizações. O objetivo é apresentar um panorama mundial do trabalho que tem sido realizado pela difusão da mensagem bíblica. Além das publicações em primeira edi
ção, o relatório mostra também o crescimento, ano a ano, das revisões e novas edições, o que denota o esforço empreendido pelas organizações  envolvidas de constante atualização da linguagem e melhoria das publicações.

Destaques

No biênio 2010/2011, entre as 30 publicações em línguas que ainda não haviam recebido traduções da Bíblia, destacam-se as seis publicações realizadas em idiomas da Índia, incluindo quatro Novos Testamentos e uma Bíblia completa. O Brasil também obteve resultados expressivos com o registro de três novas publicações. Ainda na América do Sul, foram lançadas novas obras na Colômbia e no Equador.

País continental que abriga uma grande diversidade cultural e linguística, a Índia vem ampliando o trabalho de tradução do texto bíblico, buscando alcançar as centenas de línguas e dialetos falados em seu território. A Sociedade Bíblica da Índia (SBI) atua estimulando parcerias e cooperações com igrejas e instituições  cristãs, além de dar suporte técnico e apoio à publicação.

Em fevereiro de 2011, durante a celebração dos 200 anos da Sociedade Bíblica da Índia, aconteceu o lançamento da Bíblia completa em Caxemira, língua falada por cerca de oito milhões de pessoas que moram no Estado de Jammu e Caxemira.

O processo de tradução começou em 1995, quando, em colaboração com a Diocese de Jammu-Srinagar, a SBI decidiu apoiar o trabalho feito por uma equipe liderada por Jim Borst, missionário dinamarquês.

Após quatro anos de trabalho, foi lançado o primeiro resultado: o Novo Testamento. Mas a missão ainda não estava cumprida. O objetivo era traduzir também o Antigo Testamento a partir de uma versão na língua Caxemira Persa.

No Brasil, onde são falados mais de 185 idiomas por cerca de 200 diferentes grupos étnicos, entre indígenas e descendentes de imigrantes, a SBB apoia as iniciativas de organizações cristãs especializadas em tradução do texto bíblico e, nos últimos dez anos, esse trabalho se intensificou gerando vários lançamentos. Entre 2010 e 2011, foram publicadas obras em três idiomas pela primeira vez: Nad”eb, Parakanã e Tembé.

As organizações Associação Linguística Evangélica Missionária (ALEM) e Sociedade Internacional Linguística (SIL Brasil) foram parceiras do mais recente lançamento realizado no Brasil como o apoio da SBB: o Novo Testamento em Tembé, que começou a ser distribuído no final do ano passado para a comunidade que vive na aldeia Tekohaw, situada na cidade de Paragominas, no sudeste do Pará. Na cerimônia de celebração do lançamento, o cacique Lourival Tembé emocionou a todos ao confirmar a relevância do trabalho. “A partir de agora, temos a Bíblia em nossa própria língua para entendermos as coisas de Deus”, disse.

Mais de três mil pessoas participaram do desfile de lançamento da Bíblia em Quérchua Cañar, realizada em março de 2011, em Tambo e Cañar, conhecidas como cidades gêmeas no Equador. Foi uma festa colorida, na qual o povo cristão dessa etnia celebrou o resultado do árduo trabalho dos tradutores, feito por duas décadas. Mais de 20 igrejas se uniram no evento, que contou com a presença das organizações  que apoiaram a iniciativa, entre elas a Sociedade Bíblica do Equador.

Juntos, eles percorreram os dez quilômetros entre Tambo e Cañar. A cerimônia de dedicação aconteceu no auditório de uma escola local, onde mais de mil pessoas ouviram a história dessa tradução pelas palavras de Dale Nesse, da organização Lutheran Bible Translators, um dos responsáveis pelo trabalho. Ao final da cerimônia, formou-se uma longa fila de pessoas para comprar cópias da publicação, demonstrando na prática o desejo sincero da comunidade em ter a Bíblia na sua língua materna.


Nota- Informações (em azul) da página da Sociedade Bíblica Brasileira- http://www.sbb.org.br e artigo ( róseo)  da revista  A BÍBLIA NO BRASIL No. 235- Abril a Junho de 2012- Ano 64- Publicação oficial da Sociedade Bíblica do Brasil).




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