Possivelmente entre os pratos típicos da cozinha goiana, o Arroz com Pequi seja o mais representativo. O Pequi é um fruto do Cerrado, de cor amarela, sabor forte e único e aroma marcante. O mesmo desenvolve e amadurece dentro de um invólucro de forma arredondada e lisa, na cor verde, a casca. Outros pratos goianos bastante conhecidos são: o Empadão Goiano; feito com frango, lingüiça, queijo, ervilhas, azeitonas, ovos e guariroba, esta é uma espécie de palmito amargo, que pode ser nativo ou cultivado no Centro-Oeste. Além destes, são deliciosas as pamonhas feitas com queijo, lingüiça, cheiro-verde e pimenta.
(Imagem: inscrição à entrada de um restaurante goiano)
(Imagem: inscrição à entrada de um restaurante goiano)
A cozinha goiana é também conhecida por outros pratos como o Feijão Tropeiro, feito com couve e torresmo; o Tutu (feijão com farinha de mandioca e temperos); o Frango com Quiabo e Angu e tantos outros derivados de outras regiões, sendo que a mais importante influência possivelmente recebe da cozinha mineira. Também as guloseimas, consumidas nos intervalos das refeições principais,
são muitas e saborosíssimas. Estão entre elas: o Bolo de Arroz, feito com fubá socado, açúcar, água e
fermento natural; os sequilhos, biscoitos de polvilho, as broas de milho
e os pães de queijo. E, mesmo as que derivam de outras partes, em Goiás adquirem um sabor especial, criativo e único.
A mais célebre escritora e poetiza goiana e Vilaboense Cora Coralina (1889-1985) apreciava muito as delícias do sopé da Serra Dourada, que cantou tantas vezes em seus poemas. Apreciava sobretudo os pães, este alimento universal. No poema intitulado "Pão-Paz", de um lirismo religioso, ela derrama sua homenagem: "- O Pão chega pela manhã em nossa casa. / Traz um resto de madrugada. / Cheiro do forno aquecido, de lêvedo e de lenha queimada. / Traz as mãos rudes do trabalhador e a Paz dos campos cheios. / Vem numa veste pobre de papel. Por que não o receber / numa toalha de linho puro e com as mãos juntas / em prece e gratidão?" Já no poema "Eu Voltarei", ela começa dizendo: " - Meu companheiro de vida será um homem corajoso / de trabalho, / servidor do próximo, / honesto e simples, / de pensamentos limpos ./ Seremos padeiros e teremos padarias. "
Cora Coralina viveu longe de Goiás por cerca de 45 anos, mas não esqueceu os sabores da Terra. Retornou em 1954, passando a dedicar-se aos doces, sobretudo os cristalizados, a partir de frutas locais. A mulher goiana que passou para a História como uma fecunda escritora, também foi cozinheira, quituteira, doceira. A grande poetiza que foi ‘descoberta’ na idade madura, descobriu bem mais cedo esta outra paixão com tempo de unir as duas "artes", como no poema: “Todas as Vidas": -"Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de Picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco."
E, em outro poema intitulado: "Cora Coralina, Quem é você?", explica:
"Sou mais doceira e cozinheira do que escritora,
sendo a culinária a mais nobre de todas as Artes:
objetiva, concreta, jamais abstrata
a que está ligada à vida e à saúde humana".
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