quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

OBESIDADE- ENTENDENDO A DOENÇA

Nos tempos antigos, as “deusas” exibindo seus fartos quadris, coxas e seios volumosos, eram símbolo de beleza e fertilidade. Depois, há cerca de 500 anos a. C., o médico Greco-romano Hipócrates já alertava através de seus manuscritos, sobre os perigos que a obesidade oferecia para a saúde. Ele afirmava que a morte súbita ocorria com mais freqüência em indivíduos gordos do que em magros. A esta mesma época, outro estudioso chamado Galeno, discípulo de Hipócrates, estabeleceu uma classificação para a obesidade: a obesidade em natural (moderada) e obesidade mórbida (exagerada). Galeno afirmava que a obesidade era consequência da falta de disciplina do indivíduo, por isso preconizava um tratamento que incluía: corridas, massagens, banho, lazer e refeições com bastante comida, porém com alimentos de baixo valor calórico. Durante o Império-Romano o conceito de beleza eliminou os excessos de gordura e os corpos de damas magras e com formas delineadas foram retratados na arte, especialmente nas obras do Século XIII ao Século XX. O primeiro trabalho científico sobre obesidade foi escrito em latim no século XVI e enfocava os aspectos clínicos da doença. Mais tarde foram surgindo outros trabalhos com ênfase nas preocupações estéticas. Neste período, o rigor dos padrões de beleza obrigava as mulheres a prolongados e penosos jejuns, que não raro chegavam aos consultórios médicos em forma de outras doenças. Tal comportamento levou os estudiosos da obesidade a delinearem a temática sob duas vertentes, a da preocupação estética e a da qualidade de vida.
A obesidade no mundo - Um relatório divulgado em 2010 pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris, revela que, em média, metade dos adultos nos países desenvolvidos está acima do peso. Também segundo o levantamento, em média 16% das populações nestes países podem ser consideradas obesas. O estudo chama atenção para a doença que é capaz de reduzir a expectativa de vida na mesma medida que o tabagismo. Outros estudos com relação à obesidade, apontam o crescimento da mesma também em países emergentes. Dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram o avanço da obesidade entre os brasileiros nas últimas décadas. Indicam que o total de homens acima do peso na população de 20 anos ou mais chegou a 50,1% e entre as mulheres, a proporção de pessoas acima do peso aumentou de 40,9% para 48% com relação à última averiguação em 2003. Segundo o estudo, o aumento de peso pode ser percebido em todas as faixas etárias, independente do sexo, da região ou da faixa de renda. Concluiu ainda que, praticamente a metade da população do país está acima do peso. A explicação para o aumento da frequência de tais condições, segundo o mesmo instituto, está relacionada a mudanças nos padrões de alimentação e na prática de atividade física da população e que, devido à velocidade de sua expansão, a obesidade pode ser considerada uma epidemia no Brasil.
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A BELEZAEntre o Bisturi e a Insanidade

A beleza é um conceito social resultado da intersecção de diversos fatores biológicos, sociais, climáticos, ambientais e históricos. Por esta razão, de tempos em tempos estes padrões se alternam. Na Antiguidade o excesso de gordura simbolizava o belo. Depois a ‘beleza’foi eliminando os excessos e nos anos 90 chegou a “cortar na própria carne”. Entrou em voga o corpo esbelto e mesmo esquálido que atingiu níveis preocupantes. As imagens humanas em pele e ossos desfilando nas passarelas do mundo, que viraram sonho de consumo do resto do planeta de carne e osso, levaram a uma outra doença, a anorexia. Foram adotadas intervenções na construção do novo padrão de beleza que variam de nação para nação. No Brasil passou a vigorar uma lei que regulamenta o peso mínimo das modelos com relação a padrões corporais. Mas ainda assim, no afã de aproximar-se do ideal de beleza que o mercado impôs, mulheres e homens apelam a uma infinidade de equipamentos e procedimentos os mais variados incluindo academias de ginástica, anabolizantes, bisturis e agulhas, entre os mesmos alguns questionáveis sob linhas lúcidas de análise. Ao lado de produtos populares como o Botox (processado a partir de uma bactéria) estão outros, manipulados a partir de ingredientes bizarros como: veneno de cobra, sêmen de touro, placenta de ovelha, gosma de lesma, pele de prepúcio de bebê, pele de bumbum de gato até vômito de baleia. Ainda fazem parte da lista anúncios curiosos como “as melhores plásticas para esta estação”. Apelos que atraem especialmente os “viciados em cirurgia plástica”, outra patologia já diagnosticada. Graças à avidez da indústria da beleza, outros segmentos também lucram com massagens pós cirúrgicas, roupas e protetores, cremes cosméticos e pomadas, etc. Apareceram ainda as “fórmulas milagrosas”, que juram que seus consumidores não só emagrecerão, mas emagrecerão RÁPIDO. São shakes, sucos, sopas e dietas: da Lua, do Tipo Sanguíneo, dos Pontos até a hipnose. São centenas de “técnicas”, algumas mescladas com simpatias e outras ênfases. Curiosas, mas com grande aceitação em um país de boa fé, pouca instrução e muita vaidade. Os que sobrevivem a tal avalanche, em geral mergulham fundo na frustração. E esta, por sua vez, é aplacada com algum desequilíbrio na ingestão de calorias: alimentos demais ou alimentos de menos. E o descontrole, em praticamente todas as áreas da vida, é a dieta que mais engorda o círculo vicioso da insanidade, tanto entre os ricos e os pobres quanto entre os gordos e os magros, em todos os tempos e em todos os lugares.
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Obesidade- Riscos- Desde a observação de Hipócrates, o pai da medicina, há quase 500 anos a. C., de que a morte súbita ocorria com mais freqüência em indivíduos gordos do que em magros, a obesidade (desequilíbrio entre a ingestão e a utilização de calorias), está associada ao maior risco de doenças cardíacas, diabetes, hipertensão, entre outras. Segundo estudos, antes dos anos 1980, as taxas de obesidade medidas pelo chamado índice de massa corporal se encontravam em geral abaixo de 10%. Desde então, duplicaram ou até triplicaram em alguns casos. O parâmetro utilizado para definir se o peso de um adulto é adequado é o IMC (Índice de Massa Corporal). Ele é calculado com a divisão do peso em número de quilos pelo quadrado da altura. Pessoas obesas têm IMC igual ou superior a 30 kg/metro quadrado. O excesso de peso ou sobrepeso ocorre quando o IMC fica entre 25 e 30 kg/metro quadrado. Dados informam que, a expectativa de vida de uma pessoa obesa é de oito a dez vezes mais curta – nos casos de um índice de massa corporal entre 40 e 45 – que a de uma pessoal com peso normal, o que é semelhante à perda de expectativa de vida sofrida pelos fumantes.


Obesidade- compreender e prevenir – A causa da obesidade é multifatorial, ou seja, ela é decorrente de vários fatores que podem estar agindo isoladamente ou em conjunto. Entre esses fatores, está a ingestão aumentada de calorias, diminuição da atividade física, idade, fatores genéticos e emocionais. Por esta razão, o problema da obesidade é claramente uma situação complexa para a qual não existe uma causa clara ou um remédio simples. A adolescência é o período da vida em que ocorrem muitas mudanças no corpo. É nesta fase que se observa o "estirão de crescimento" caracterizado pelo aumento da estatura acompanhado, muitas vezes, pela diminuição de peso corpóreo. Com o aumento da idade ocorre, em geral, a redução da necessidade calórica do indivíduo, pois, observa-se declínio da atividade física como também alterações na composição corporal caracterizada pela diminuição quantitativa de músculos e conseqüente aumento de tecido gorduroso. Observa-se também, nas pessoas que apresentam ansiedade, nervosismo ou que estão sob estresse o comportamento compensatório através da alimentação. Assim, enquanto algumas pessoas perdem o apetite outras, apresentam comportamento voraz pelos alimentos. Há também, doenças relacionadas com hormônios que podem levar ao aumento de peso, se não tratadas. O hipotireoidismo é uma delas. Nele a necessidade calórica torna-se reduzida, pois ocorre a diminuição do metabolismo. Além disso, muitos estudos demonstram que a obesidade é hereditária. Isto quer dizer que se a pessoa tem histórico familiar de obesidade (pai, mãe) provavelmente será um adulto obeso. Assim, ao primeiro sintoma de aumento de peso, deve-se analisar primeiro se ocorreu alguma mudança no estilo de vida com relação à freqüência e regularidade da atividade física. Depois, se há algum fator emocional que pode estar afetando a alimentação ou se simplesmente houve um aumento da quantidade de alimentos ingeridos. Descartadas tais possibilidades resta o fator genético, como provável causa. Porém, ainda este, não pode ser sempre o vilão do ganho de peso, mesmo porque o peso ideal, segundo os especialistas, varia de pessoa para pessoa. Antes de tudo, é necessário se compreender que, sempre há o que fazer para prevenir esta doença. E, sobretudo, a atitude mais sensata neste caso é adotar desde cedo dietas hipocalóricas e a atividade física regular. Não como atos isolados e desesperados, mas como estilo de vida.
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