sábado, 27 de outubro de 2012

O ESPÍRITO BATISTA NA REFORMA (OUTROS AUTORES)


No último dia de outubro, a cristandade protestante, celebra mais um aniversário da Reforma Protestante, cujo nome central é Martinho Lutero. Em 1328, data de exatidão não confirmada, nascia em Hipswell, na província de Yorkshire, Inglaterra, um menino que recebeu o nome de João Wyclif. Mente brilhante, tornou-se um conferencista erudito em Oxford, e passou a ensinar que as Escrituras era a única lei da Igreja. Negava ser bíblico que a Igreja tivesse um centro de onde partiria mandamentos para a cristandade. Cometeu grave sacrilégio, diante da igreja predominante, quando, traduzindo as Escrituras para o idioma inglês, colocou-a ao alcance do povo. Criou um grupo de pregadores que iam, demonstrando pobreza embora não como voto, por todos os lugares pregando a salvação e o sacerdócio de todos os que crerem. Ao negar a transubstanciação, provocou forte oposição. As classes menos favorecidas se sublevaram contra a ordem, e, ele nada tendo a ver com isso, foi denunciado como culpado, e seus pregadores foram presos.

O rei Carlos IV, do Santo Império Romano, obteve o estabelecimento do arcebispado de Praga, e fundou a terceira universidade do mundo, em Praga, e ali se encontrava um dos adeptos de Wycliff, o sacerdote João Huss, ordenado em 1401, vindo a ser reitor da universidade, e também o pregador na Capela de Belem, em Praga. Em 1415 João Huss foi queimado como herege. Huss exaltava a Bíblia, denunciava a corrupção do clero, e seu movimento foi envolvido por interesses políticos, provocando uma grande luta, e ele se tornou uma figura central da libertação da Boêmia. Os seguidores valdenses, lolardos, taboristas, e utraquistas, do movimento, deram origem aos morávios. No mapa da República Tcheca temos as três regiões chamadas “terra dos morávios”, e em Praga, temos o bairro chamado Monte Tabor, onde viveram os taboristas. Dos morávios tivemos o maior avivamento da história pós-apostólica. Nas três vezes que passei perto da Igreja onde Huss pregava, produziu-me forte emoção. Hoje o templo é apenas peça arquitetônica histórica, e paga-se cinco reais para visitá-la.

Lutero também decidiu debater com o clero superior de Roma, defendendo-se das acusações de herege, e alimentando a esperança de que pudesse convencê-los. Lembrados do que acontecera com Huss os príncipes alemães o impediram de ir a Roma, e com isso salvaram-lhe a vida, o que podemos concluir que, indiretamente, Huss salvou a vida de Lutero.

A separação que a Igreja Romana faz entre secular e sagrado, dando primazia ao sagrado (padres, ordens religiosas, autoridades eclesiásticas), diferencia-se do protestantismo, onde a ocupação secular fica em igualdade com o sagrado, o que, segundo Max Weber, levou o protestantismo a tornar as nações que a ele aderiram, mais adiantada que as demais. Ao mesmo tempo, o protestantismo de Missão, diferenciando-se do protestantismo de Migração, passou a acreditar que, basta a conversão ao protestantismo, para afastar seu seguidor da miséria. Ocorre que, num país onde as oportunidades, por muito tempo, só era possível nas grandes metrópoles, esse pressuposto não foi possível torna-se realidade, em nosso Brasil.

Os heróis que antecederam a Reforma, algum princípio ou outro, herdaram dos anabatistas, e os batistas atuais também, todavia, isso é ignorado pela maioria batista. Aliás, ser batista, tem hoje, pouca importância até para os batistas, mormente pela juventude, pouco interessada no seu passado histórico. Hoje, não temos nenhum monumento de pedras tirado do fundo mar, conforme os israelitas tiveram, mas, tirar os olhos dos princípios que herdamos de nossos antepassados, e que custou a vida de milhares deles, causa-me tristeza e muita dor. O que nos torna fracos hoje, é não termos homens como Baltazar Hubmayer, Wycliff, Huss, Tchendorff, Lutero, Calvino, e tantos outros, mas temos certeza que, quando eles forem necessários, ressuscitarão em outros que personificarão os mesmos ideais. Deus é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Amém.


Nota: Trabalho de Manoel de Jesus The, publicado originalmente (Texto e Imagem) em O JORNAL BATISTA-Ano CXII- Edição 44- Domingo, 28.10.2012-http://ojornalbatista.com.br/

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