Começa nesta quinta-feira (2), com previsão de duração de cerca de um mês, o histórico
julgamento do Mensalão, cujo julgamento político foi concluído em dezembro de 2006, após três CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), que trabalharam ao longo de dois anos. Eram 19 deputados denunciados como suspeitos de
participarem do que é considerado o maior esquema de corrupção na História
política brasileira, que consistia no
pagamento de dinheiro em troca de apoio
político. O resultado das CPIs foi o pedido de cassação dos 19 acusados. Quatro
renunciaram. Doze mantiveram os mandatos e três foram cassados: Pedro Corrêa, Roberto Jefferson e José Dirceu. Os três cassados estão
inelegíveis. Pedro Corrêa, até 2014; Roberto Jefferson e José Dirceu, até 2013.
O
julgamento, considerado o mais importante da história do STF, trabalhará
baseado em um processo com mais de 50 mil páginas onde 38 réus são acusados de
incorrerem em sete tipos de crimes. A maior parte dos envolvidos é acusada de
formação de quadrilha, que tem pena mínima de um ano de prisão e máxima de
três, e de lavagem de dinheiro, que pode render de três a dez anos de cadeia.
O principal personagem do caso, o ex-ministro José Dirceu, foi apontado
pelo então procurador Antônio Fernando, na primeira denúncia, como chefe da
quadrilha. Dirceu e outras pessoas são acusados de corrupção ativa. O crime
consiste em prometer ou oferecer vantagem indevida a um funcionário público e
tem pena mínima prevista de dois anos e máxima de 12. Outros réus respondem
também por corrupção passiva, que ocorre quando um funcionário público solicita
a vantagem indevida em função do cargo que exerce. A pena é a mesma da
corrupção ativa. Em
relação a alguns réus, os ministros também vão julgar se houve prática de
peculato. O peculato é caracterizado quando o funcionário público age sozinho
para desviar dinheiro ou obter vantagem. Também pode ser acusada de peculato a
pessoa que recebe o benefício pela irregularidade. A pena para este crime varia
de dois a 12 anos de prisão.
As
pessoas apontadas como integrantes do chamado “núcleo operacional do Mensalão”,
que seria responsável por abastecer o esquema, são acusadas de enviar dinheiro
para contas no exterior, de forma irregular. Esse é o crime de evasão de
divisas, que tem punição prevista de dois a seis anos de prisão. Personagens do
núcleo financeiro são acusados de gestão fraudulenta por simular, segundo o
Ministério Público, empréstimos que teriam permitido lavar o dinheiro do
esquema de compra de apoio político. Dirigentes do Banco Rural assinavam os
empréstimos supostamente fictícios, que eram repassados a empresas de Marcos
Valério e ao PT. A pena para este crime é de três a 12 anos de prisão.
Depois de
ouvir a acusação do Ministério Público e os advogados de defesa, os ministros
vão julgar se os réus são culpados ou inocentes. Nos casos em que ficar
comprovado o desvio de recursos públicos, os envolvidos também poderão ser
condenados a devolver o dinheiro. O relator do processo do Mensalão no Supremo,
Joaquim Barbosa, autorizou os advogados de três réus a terem acesso ao resumo
das acusações entregue pelo procurador-geral aos ministros na semana passada.
No documento, Roberto Gurgel diz que o Mensalão foi o mais atrevido e
escandaloso esquema de corrupção flagrado no país.
Segundo
analistas, o escândalo do MensalãO, que veio à tona em 2005, não afetou
decisivamente o segundo mandato de Lula que, embora tenha perdido parceiros
importantes por envolvimento no escândalo, como seu chefe de gabinete José
Dirceu, reviu estratégias e elegeu o sucessor. Dilma Rousseff (PT) ganhou as
eleições em 2010.
De acordo
com os mesmos analistas, a atual Presidente do Brasil, Dilma Rousseff,
mesmo tendo saído do partido de seu antecessor e apadrinhada por
ele, concebeu estilo próprio de governar. Dados dão conta de que a mesma
goza de uma aprovação popular em torno de 77%. E que seu governo tem
demonstrado baixa tolerância com a corrupção, afastando sete de seus
ministros, que foram acusados de desvio de verbas e irregularidades.
A longa
sessão, que terá início nesta tarde, dividirá os holofotes com outros temas.
Ocorrerá paralelamente ao andamento de outro caso de corrupção entre agentes
políticos conhecido como o Caso Cachoeira e a campanha para as eleições
municipais para o próximo outubro.
Os
advogados dos réus afirmam que eles são inocentes, que não há provas para
condená-los e que esperam um julgamento técnico e justo no Supremo. Porém, para
a Procuradoria-geral da República, o Mensalão não só existiu como também
foi comandado pelo ex-ministro do governo Lula, José Dirceu. O procurador
Roberto Gurgel, assim como seu antecessor Antônio Fernando de Souza, tem
afirmado que o episódio consistiu em um esquema de desvio de dinheiro
público montado para subornar parlamentares em troca de apoio ao governo no
Congresso. Já em Julho do ano passado, o Procurador-Geral da República Roberto Gurgel, que apresentará as acusações, afirmava que há provas suficientes para que o Supremo Tribunal condene os réus
como requerido pelo Ministério Publico Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por ter vindo!