Foi
cassado na tarde desta quarta-feira (11) em sessão histórica do Senado Federal,
por 56 contra 19 votos a favor, o mandato do Senador Demóstenes Torres (ex-DEM, atual
sem partido-GO), por quebra de decoro parlamentar.
Pesam
contra ele várias acusações em decorrência de seu relacionamento com o
contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso no fim de
fevereiro e apontado pela Polícia Federal como chefe de um esquema de corrupção
que envolvia políticos, policiais e empresários.
O
processo de cassação do parlamentar goiano, levado à votação no dia de hoje, é
resultado de uma representação do PSOL analisada e aprovada por unanimidade no
Conselho de Ética e que também ganhou o atestado de legalidade na CCJ (Comissão
de Constituição e Justiça do Senado).
Nesta
tarde, ao ocupar a tribuna do Senado Federal para seu último discurso como
Senador da República, Demóstenes Torres fez um último apelo aos seus pares: "Não
acabem com minha vida". O tom era mais brando do que o que sempre o
marcou ao longo de sua vida política, mas ressentido.
O
parlamentar comparou seu julgamento ao de Jesus Cristo. Disse que o de Cristo
também foi apressado, sem comprovação das alegações e teria ocorrido em resposta
ao clamor das massas por liberdade para Barrabás. O Senador pediu ainda aos
seus pares que lhe concedessem a possiblidade de ser julgado pelo Poder
Judiciário. Alfinetou ainda o relator no processo de cassação, Senador
Humberto Costa, que segundo ele, teve outro tratamento em processo
semelhante, acusando a Casa de praticar dois pesos e duas medidas.
DemóstenesTorres
foi o segundo senador cassado na história da maior casa legislativa brasileira,
já que em junho de 2000, o também, então senador Luiz Estêvão (PMDB-DF), teve o
mandato cassado pelo plenário, por ter mentido aos colegas sobre seu
envolvimento no escândalo de superfaturamento das obras do Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo.
A
conclusão de uma das fábulas de Esopo (um pensador grego de 620 a. C.):
“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, se aplica ao episódio
político do dia de hoje. Possivelmente alguns egos feridos afloraram, sob o
pretexto de defesa da Democracia. E, ainda outros, posicionaram-se, porque atraídos
pelas 'luzes da ribalta', em ano de eleições.
A
admirável exceção no contexto da "mão que lava a outra", do "é
dando que se recebe" e da "política do pão de ló", certamente ocorre pela necessidade que a própria Democracia brasileira tem de variar o cardápio. Uma vez que tem sido
obrigada a empanturrar-se de pittza, na maior parte do tempo.
(Imagem: Pedro Ladeira/ Frame)
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