quarta-feira, 11 de julho de 2012

"QUEM COM FERRO FERE"

Foi cassado na tarde desta quarta-feira (11) em sessão histórica do Senado Federal, por 56 contra 19 votos a favor, o mandato do Senador Demóstenes Torres (ex-DEM, atual sem partido-GO), por quebra de decoro parlamentar. 

Pesam contra ele várias acusações em decorrência de seu relacionamento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso no fim de fevereiro e apontado pela Polícia Federal como chefe de um esquema de corrupção que envolvia políticos, policiais e empresários. 

O processo de cassação do parlamentar goiano, levado à votação no dia de hoje, é resultado de uma representação do PSOL analisada e aprovada por unanimidade no Conselho de Ética e que também ganhou o atestado de legalidade na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça do Senado). 

Nesta tarde, ao ocupar a tribuna do Senado Federal para seu último discurso como Senador da República, Demóstenes Torres fez um último apelo aos seus pares: "Não acabem com minha vida". O tom era mais brando do que o que sempre o marcou ao longo de sua vida política, mas ressentido.

O parlamentar comparou seu julgamento ao de Jesus Cristo. Disse que o de Cristo também foi apressado, sem comprovação das alegações e teria ocorrido em resposta ao clamor das massas por liberdade para Barrabás. O Senador pediu ainda aos seus pares que lhe concedessem a possiblidade de ser julgado pelo Poder Judiciário. Alfinetou ainda o relator no processo de cassação, Senador Humberto Costa, que segundo ele, teve outro tratamento em  processo semelhante, acusando a Casa de praticar dois pesos e duas medidas.

DemóstenesTorres foi o segundo senador cassado na história da maior casa legislativa brasileira, já que em junho de 2000, o também, então senador Luiz Estêvão (PMDB-DF), teve o mandato cassado pelo plenário, por ter mentido aos colegas sobre seu envolvimento no escândalo de superfaturamento das obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

A conclusão de uma das fábulas de Esopo (um pensador grego de 620 a. C.): “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, se aplica ao episódio político do dia de hoje. Possivelmente alguns egos feridos afloraram, sob o pretexto de defesa da Democracia. E, ainda outros, posicionaram-se, porque atraídos pelas 'luzes da ribalta',  em ano de eleições.

A admirável exceção no contexto da "mão que lava a outra", do "é dando que se recebe" e da "política do pão de ló", certamente ocorre pela necessidade que a própria Democracia brasileira tem de variar o cardápio. Uma vez que tem sido obrigada a empanturrar-se de pittza, na maior parte do tempo.

 (Imagem: Pedro Ladeira/ Frame)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada por ter vindo!