De remorsos minh’alma está sã!
Vêm curar-lhe do mundo as feridas
Puras águas da crença cristã.
Sim, eu sei que, apesar de cerrados,
Os teus braços, ó cruz, não têm fim;
Se teus braços abrangem o mundo,
Infinitos estende-os p’ra mim.
Que eles são infinitos quem nega?
Quem não sabe que em todo lugar
Onde um filho estiver do Calvário
Em teus braços se pode arrimar?
Quantas flores colhi neste mundo,
As perdi das paixões no escarcéu:
Em jardim me converte o sepulcro,
A colher dá-me as flores do céu!
Laurindo Rabelo (1826 – 1864)
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Laurindo José da Silva Rabelo (Laurindo Rabelo ), médico, professor e poeta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 8 de julho de 1826, e faleceu na mesma cidade, atacado por uma afecção cardíaca, em 28 de setembro de 1864, aos 38 anos de idade. Era filho do oficial de milícias Ricardo José da Silva Rabelo e de Luísa Maria da Conceição, ambos mestiços e gente humilde do povo carioca. Cresceu em grandes privações, das quais só veio a se libertar nos últimos anos de sua vida, após casar-se em 1860, com D. Adelaide Luiza Cordeiro.
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