Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura...
A vida é vã como a sombra que passa...
Sofre sereno e de alma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira...
Manuel Bandeira
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Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no Recife no dia 19 de abril de 1886. No final do ano de 1904, ficou sabendo que estava tuberculoso. Diante da notícias, o mesmo procurou se cuidar, inclusive escolhendo regiões com melhores climas para se estabelecer. Assim descreveu a notícia da tragédia:
"... - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."
No ano de 1966, depois de uma vida longa e uma vasta e fecunda produção literária, Manuel Bandeira comemorou 80 anos, lançando os volumes Estrela da Vida Inteira (poesias completas e traduções de poesia) e Andorinha Andorinha (seleção de textos em prosa, organizada por Carlos Drummond de Andrade). Depois, sofreu o agravamento de seus problemas de saúde e no dia 13 de outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, morreu. O grande escritor brasileiro teve o corpo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.
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