domingo, 30 de janeiro de 2011

SÔNIA MARIA TOMAZ- VM2T09

"O caminho é entrar pelas brechas e procurar fazer a diferença"

De acordo com publicação no boletim informativo A Colheita, da JMM edição de Julho/Agosto 2007, a Junta de Missões Mundiais mantêm cerca de 600 obreiros, em 63 campos de 62 países pelo mundo. Um destes campos é a Romênia, onde se encontra a família Tomaz: Pastor Gérson, Sônia e os três filhos Clarissa, André e Mateus. Sônia Maria da Silva Tomaz é natural de Campina Grande, na Paraíba, cresceu em João Pessoa e casou-se em 1985. Atuou, juntamente com o esposo, nos municípios de Monteiro e Patos (PB) na plantação de igrejas durante 13 anos. Presidiu a UFMB-PB no ano de 1989. E então, respondendo a uma chamada missionária para outro campo, a família transferiu-se para a Romênia, onde trabalha há mais de 12 anos, como missionários das igrejas batistas do Brasil, plantando igrejas no leste europeu, pela Junta de Missões Mundiais.
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Infância e adolescência- Sônia Maria da Silva Tomaz converteu-se ao Evangelho ainda na infância. Oriunda de uma família católica radical, cuja mãe esculpia imagens e que transformara a própria casa, construída nas imediações de um convento, em ponto de apoio a padres estrangeiros que chegavam à região. Seu pai tornou-se o presidente da Organização Coração de Maria. O vínculo com o catolicismo foi quebrado pela ocorrência de um episódio um tanto inusitado. Sua mãe realizara um trabalho de escultura para aquela igreja, voluntária e gratuitamente. Porém a liderança da mesma pedia aos fiéis doações vultuosas em dinheiro alegando que seriam para cobrir os custos pela confecção da referida imagem. Tal fato levou a escultora a questionar a veracidade de outros postulados daquela fé e ao instigar um dos padres da cúpula local, ele, que por sua vez desejava livrar-se do “incômodo”, sugeriu:“ leia a Bíblia e ache a senhora mesma as respostas às suas perguntas”. Recomendação bastante incomum para uma época em que a religião Católica praticamente negava a leitura dos textos sagrados diretamente a partir da Bíblia. Mas a mulher atendeu ao conselho, passou a ler a Bíblia e veio a se converter. Estabeleceu-se, então, um conflito no âmbito doméstico porque o marido mantinha-se leal às suas convicções religiosas. Porém com o tempo, também ele veio a se converter. E a ex-escultora, com a alma de artista que tinha, passou a promover encenações diárias e noturnas sobre as principais parábolas de Jesus. A vizinhança era a platéia. O palco, a mesa de refeições da família. Os figurinos, ela mesma confeccionava. E dos seis filhos, entre os quais a pequena Sônia, a caçula, fez os atores. Hoje, naquele bairro existe uma igreja que nasceu de tal iniciativa.

Chamada para missões - Converteu-se na infância, mas foi na adolescência, durante um acampamento, que a menina sentiu a chamada para missões. Permaneceu relutante por um tempo na tentativa de conciliar uma carreira profissional com a chamada missionária. Nesse ínterim, cursou Engenharia Eletrônica e Engenharia de Alimentos, chegando mesmo a antever um futuro promissor, a partir de tal formação. Contudo, intimamente, sabia que Deus a chamava para uma entrega integral a missões. Jovem, casou-se, atuando sempre na Igreja. Segundo relatos do Histórico da UFMB-PB, publicado pela revista Visão Missionária Ano 85-No. 4- Outubro a Dezembro de 2007- 4 T07, Sônia Maria da Silva Tomaz, foi presidente da Organização feminina da Paraíba no ano de 1989. Com o marido, Pr. Gérson Tomaz, trabalhou no interior do Estado durante 13 anos, até quando os corações de ambos se inquietaram por outro campo missionário. Chegaram a sondar a África, mas as portas se abriram para a Romênia, no Leste Europeu. Um país que dava os primeiros passos, recém saído do comunismo. Foi então, quando a própria igreja que estavam plantando no interior paraibano, tomou a iniciativa de escrever à Junta de Missões Mundiais propondo preencher a vaga anunciada na revista A Pátria para Cristo.

A chegada ao campo além-mar- No campo, propriamente dito, os desafios foram muito grandes. Conta a missionária que eram três crianças pequenas, um país novo, idioma novo, casa para cuidar sozinha, novos papéis, tudo novo e estranho. Relata que decidiu organizar a agenda de modo a educar pessoalmente os filhos e cumprir todas as funções que lhe eram requeridos naquele momento. Para o que acordava às 5.30 da manhã, preparava as marmitas que os filhos levariam para a escola, cuidava da casa, realizava as tarefas relacionadas ao trabalho missionário em si, fora do âmbito do lar, e então, retornava à casa para aguardar a todos e fazer-lhes companhia. As crianças tornaram-se seus cooperadores, participando e se envolvendo em cada atividade desenvolvida. Lembra que enquanto um confeccionava o material a ser utilizado, outro carregava a água e outro arrumava a mesa para as reuniões com as crianças, por exemplo. Relata ainda que, quando sua família chegou à Romênia, não havia no local sequer supermercados. Tudo o que era vendido era do Estado, tanto produtos como serviços. Lembra que assim que chegaram, todos os edifícios tinham uma cor padrão, cinza. Não havia tintas coloridas.“A Romênia era um País cinzento”, frisa a missionária. Afirma ainda que, em doze anos aconteceram mudanças profundas na sociedade e também na igreja locais, especialmente após a recente entrada do País na União Européia, “foi da água para o vinho”, complementa. Ao chegarem havia pressa em aprender o mínimo, mas informa que em três meses ela falava precariamente o idioma. E em oito meses, o Pr. Gérson pregou seu primeiro sermão na língua local. “É um povo exigente quanto à língua e também com relação aos valores morais”, diz, “hoje eles nos permitem ter cargos de relevância lá, como o ensino, muito porque crêem que nós temos exemplo na condução de nossa família. Eles entendem que só deve ser autorizado a ensinar aquele que vive tal ensinamento. Atendemos a tais requisitos, pela graça de Deus”, completa.

As carências no campo - A missionária informa que a Junta de Missões Mundiais procura se orientar quanto aos custos da cesta básica da região onde o missionário está e procura atender às suas necessidades. Segundo ela, o missionário não tem salário, ele tem um custo. Sua família, por exemplo, consome 55% do que ganha com os estudos dos filhos, dois dos quais se encontram atualmente nos EUA. Diz que, quem de fato envia o missionário ao campo é a igreja e esta, por sua vez, promete ser-lhe um apoio. Mas ocorre que ele, embora saiba que a igreja está cuidando de seu sustento financeiro e orando por sua vida, experimenta momentos de solidão. Conta que seis meses após chegar àquele campo missionário, perdera o pai aqui no Brasil e na tentativa de compartilhar sua dor com uma esposa de pastor local, ouviu dela uma cruel indagação: “Que tenho eu a ver com isso?”. Segundo ela, foi decepcionante e aprofundou a sensação de distância e isolamento por que passava. Informa que as coisas mudaram muito no quesito comunicação, menciona a realidade da internet e dos serviços do MSN e do Skype. “Mas ainda ficaríamos muito felizes se os que nos enviam, dessem uma palavra no dia de nosso aniversário, por exemplo”, lembra Sônia.

A mulher cristã nas duas realidades- A missionária observa que existe uma distância muito perceptível entre a posição da mulher na sociedade ocidental e na oriental. Conta que, na região do Leste Europeu, as mulheres e as crianças têm um reconhecimento social muito acanhado. Afirma que há um forte “policiamento” sobre a mulher, um filtro muito fino antes que lhe seja permitido galgar qualquer função de destaque. “Existe aqui também, diz, mas muitíssimo mais fraco”. E acrescenta que muitos desistem de permanecerem lá porque não encontram portas abertas. Mas lembra que o caminho é entrar pelas brechas e procurar fazer a diferença. Reconhece, no entanto, que isso não ocorre da noite para o dia, é necessário se promover uma mudança na concepção social. “Imaginar uma organização feminina no leste europeu, aos moldes da UFMBB, só se conceberia em sonho por causa da falta de espaço social para a mulher. No Brasil, acho que a mulher cristã batista deve valorizar sua Organização representativa, a UFMBB, e zelar pelo ensino missionário das crianças nas igrejas. E, ainda que tragam metodologias novas, as mulheres cristãs devem priorizar o ensino bíblico de missões”, conclama a missionária.
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Carmelita Graciana
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