segunda-feira, 7 de junho de 2010

CRACK, O BARATO QUE SAI CARO !


A droga chamada Crack é uma reação química da mistura de um subproduto da cocaína adicionada a bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada. Tal mistura provoca pequenos estalos, “craque, craque”. O nome vem daí. As pedras irregulares são fumadas em cachimbos, na maioria das vezes improvisados, conhecidos como “maricas”. Foi descoberta na América do Sul, no início da década de 1980 e já fez um número incalculável de vítimas. O Crack é uma das drogas de mais alto poder viciante e arrebata jovens com menos de 20 anos pertencentes a diferentes classes sociais, com prevalência entre os de classes baixas. É seis vezes mais potente que a cocaína, provoca dependência física e leva à morte por sua ação fulminante sobre o sistema nervoso central e cardíaco. Só de experimentar, uma pessoa pode se tornar dependente. Instala-se uma paranóia na mente do usuário que gera medo e suspeita das pessoas e o faz refém de um profundo isolamento e confinamento a locais fechados. O usuário rapidamente tem ruptura de caráter. A mentira passa a fazer parte de seu discurso, que associada à desconfiança pode gerar agressividade. De acordo com especialistas, o tratamento depende do estado de cada paciente, indo do tratamento ambulatorial até a internação domiciliar ou em clínicas especializadas. Afirmam que sua primeira dificuldade é vencer a "fissura", a vontade que o usuário sente de usar a droga. Sustentam que a fase inicial do tratamento, normalmente uma semana, é a mais dura. Orientam ainda que o usuário só deva ser considerado livre da dependência após dois anos de abstinência.

As drogas e a Lei- A nova lei brasileira antidrogas, considera o traficante um criminoso e o dependente um doente, mas segundo autoridades no assunto, a mesma é ineficiente no trato com os dois. Alegam que não tem punido os traficantes nem os impedido de atuar nem tampouco garantido tratamento aos dependentes. Informam que o Sistema de Saúde, tanto o público quanto o privado, estão despreparados e a sociedade órfã, não tendo a quem recorrer enquanto assiste ao avanço da droga que já é tratada como epidemia nas principais cidades brasileiras. O promotor de Justiça (MP-GO) Everaldo Sebastião de Souza, em entrevista concedida ao jornal O Hoje de Goiânia em janeiro de 2010, criticou a falta de políticas públicas para crianças e adolescentes em Goiás e salientou a contradição que se estabelece entre a lei que traz a possibilidade de tratamento para o usuário de drogas e a ausência de clínicas estatais de tratamento. Ele afirmou ainda que, o que existem são pessoas bem intencionadas, geralmente religiosas, que montam casas para tratamento de dependência, mas informou que os mesmos, não raro, são sem qualificação e sem recursos. Disse que, no Estado de Goiás, por exemplo, não há instituições estatais para internação de usuários de drogas.

O Crack e a violência- Neste último final de semana, em Goiânia (GO), Alessandro Marques Teresa, de 25 anos, matou o próprio pai, o aposentado Jonas Marques Ferreira, de 67 anos. Asfixiou o pai por ter se recusado a dar dinheiro para o filho comprar Crack. Um parente do acusado informou: “Ele já usava drogas, mas ficou pior quando começou a fazer uso de Crack. Segundo Ailton da Costa de Ligório, delegado adjunto na DIH, as causas do elevado número de assassinatos neste início de ano, na capital de Goiás, são questões complexas que vão além do alcance da Polícia Civil. Ele afirmou que o que está contribuindo para o aumento de homicídios são as drogas, especialmente o Crack. “ A cidade vive uma epidemia de Crack, uma droga barata, fácil de transportar e deixa o consumidor altamente dependente”, reforça o delegado.


Os números do Crack- Estima-se que há no País, cerca de 1,2 milhão de usuários de Crack. Em Goiânia, calcula-se que estão em torno de 50 mil destes usuários. O psiquiatra, especialista em dependência química e saúde mental Paulo Soares Gontijo, acredita que 4% da população consuma a droga na capital goianiense. O número é 314 vezes maior que o registrado em 2004, quando apenas 1% da população (cerca de 12 mil pessoas) usavam o entorpecente. O crescimento exagerado do consumo se dá, de acordo com o especialista, pelo baixo custo e pela mobilidade do tráfico. “Quanto mais barato, maior o consumo. Quanto mais consumo, maior a procura por tratamento”, explica.

O barato que sai caro-Quando a droga começou a ser consumida no Brasil, a maioria dos usuários era composta por moradores de rua, menores abandonados, trabalhadores rurais e pela população de baixa renda residente em área periférica dos grandes centros. Hoje, além de sua interiorização pelo País, o crack também está disseminado em todas as classes sociais, inclusive nas mais abastadas. Segundo informações levantadas pela Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), existem pontos de venda da substância entorpecente em áreas de Goiânia, consideradas nobres. De acordo com os especialistas, o fato de o crack ser mais barato do que a cocaína e outras drogas sintéticas, além de seu alto poder viciante, contribuiu para sua rápida expansão pelas diferentes classes sociais. Salve-se quem puder!

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