O Tabaco e a saúde das mulheres- Segundo dados do Manual do Dia Mundial sem Tabaco 2010, divulgado hoje pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o cigarro já é responsável por 40% dos óbitos nas mulheres com menos de 65 anos e por 10% das mortes por doença coronariana nas mulheres com mais de 65 anos. Aquelas que fumam e tomam pílula, por exemplo, têm dez vezes mais riscos de sofrer ataques cardíacos e embolia pulmonar do que as que não fumam e utilizam a pílula para o controle da natalidade. Além disso, as fumantes têm 22% mais probabilidade de ter um acidente vascular cerebral (AVC) além de sofrerem com maiores taxas de infertilidade, problemas no parto, nos ossos e menopausa precoce. Ficou demonstrado que fumar durante a gravidez compromete a saúde do bebê. O cigarro pode causar abortos espontâneos, nascimentos prematuros. Mortes fetais, complicações com a placenta e sangramentos ocorrem mais freqüentemente quando a mulher grávida é fumante. A gestante fumante pode apresentar mais complicações durante o parto e têm o dobro de chances de ter um bebê de menor peso e menor comprimento, comparando-se com a grávida não-fumante. Tais problemas se devem, principalmente, aos efeitos que o monóxido de carbono e a nicotina exercem sobre o feto. Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar, em poucos minutos, os batimentos cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular. Ainda, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) as brasileiras mortas em 2008 em decorrência da doença, foram 7.435. Em 2000, a taxa de mortalidade decorrente de câncer de pulmão era de 5,97 óbitos a cada cem mil mulheres; em 2007 chegou a 7,15 - um aumento de 20%. Já a taxa de mortalidade entre os homens se mantém no patamar de 16 óbitos a cem mil homens ao longo de todo o período. Pesquisas feitas no mundo inteiro investigando por que houve aumento do número de mulheres fumantes mostram que há mudanças do dia a dia contemporâneo que geram ansiedade e solidão. O cigarro serve como um alívio. Hoje, grande parte da população feminina do mundo, inclusive no Brasil, responde pelo sustento familiar e enfrenta duplas jornadas de trabalho. Essas pesquisas comprovam que muitas mulheres, vítimas de distúrbios de humor, ansiedade e solidão, encontram alívio no cigarro. Essa dependência do cigarro ficou expressa na pesquisa do estudo ITC Brasil (International Tobacco Control), que mostra que cerca de 50% das brasileiras entrevistadas afirmaram que seria "muito difícil" ou "extremamente difícil" ficar sem fumar durante um dia inteiro. No Brasil, a região Sul, onde se encontram as indústrias do tabaco, apresenta a maior proporção de fumantes (15,9%).
Tabaco e inteligência - Um estudo feito na Universidade de Tel Aviv indica que homens jovens e com o hábito do tabagismo também têm os menores índices de Quociente de Inteligência (QI). A pesquisa, liderada por Mark Weiser, usou dados de jovens entre 18 e 21 anos que haviam se alistado no exército e relaciona o QI ao fumo. A média dos não fumantes foi de aproximadamente 101 pontos de QI, enquanto os fumantes ficavam na média de 94 pontos. Os menores índices foram daqueles indivíduos que afirmavam fumar mais que um maço de cigarros por dia: 90 pontos de QI. No estudo de Weiser houve também análises de casos raros, como gêmeos. Mesmo entre irmãos, aqueles que fumavam tinham menor QI. O estudo demonstrou ainda que, o hábito de tabagismo não está restrito aos níveis socioeconômicos mais desfavoráveis nem relaciona-se à menor e menor escolaridade. “Pessoas com menor QI podem fazer escolhas errôneas de como tratar a própria saúde. Esses indivíduos não são somente um alvo fácil para o hábito do tabagismo, mas podem também desenvolver obesidade, ter déficits nutricionais e se envolver com outros tipos de drogas. Nossos resultados podem servir para que pais e profissionais médicos tenham mais provas para convencer esses jovens a se afastarem do tabagismo, pois isso poderá levar à melhora na saúde desses indivíduos, em todos os níveis”, diz Weiser.
Apagando os lucros- Na outra ponta, o maior fabricante de cigarros no Brasil, a Souza Cruz, que fornece sementes, insumos, assistência técnica e garantia de compra da safra a cerca de 40 mil produtores, visando abastecer mais de 260 mil varejos, em quase cinco mil municípios do Brasil, vê seu lucro reduzir. Segundo comunicado da própria empresa, seu lucro líquido de R$ 334,7 milhões no primeiro trimestre de 2009, foi um resultado 24% menor que no mesmo período de 2008. Registrou também redução no volume de vendas de cigarros de fumo importado, embora atribua isso ao aumento da carga tributária sobre seus produtos no período.
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