quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A MULHER E A TECNOLOGIA- VM2T07


A imprensa nacional noticiou recentemente, o caso de uma mulher aposentada de 80 anos, que da janela de seu apartamento e de posse de uma filmadora, produziu um vídeo de trinta e três horas de gravação no qual retrata o cotidiano de venda de drogas, na ladeira dos Tabajaras em Copacabana, um dos bairros mais nobres do Rio de Janeiro. Esta mulher levou o vídeo à polícia, onde, anteriormente, tentara fazer a mesma denúncia sem sucesso. Desta vez, mediante a prova irrefutável, a quadrilha de 17 pessoas foi presa, inclusive dois policiais, um cabo e um capitão da PM e o inquérito continua aberto prometendo muitos outros desdobramentos. Dona Vitória, seu nome fictício, mudou-se do apartamento e encontra-se sob proteção policial, mas prestou, de dentro de sua própria casa, um grande serviço à sociedade, graças à tecnologia. A mesma que tem reduzido para a mulher brasileira as limitações impostas pelo espaço, pelo tempo e pela idade.

Há duas ou três décadas, a mãe de família e esposa, alimentava o sonho de trabalhar fora de casa, porque compreendia que era onde estavam as oportunidades. Conquistou espaço fora do domínio doméstico, mas passou a conviver com outros problemas como a dupla jornada, a culpa pela ausência na educação dos filhos e a baixa qualidade da mão de obra terceirizada que contratava para realizar as tarefas que não podia executar em casa. Aos poucos foi encontrando algumas soluções. Criou creches para os filhos pequenos e passou a adquirir eletrodomésticos, aparelhos elétricos de uso caseiro, tais como lavadoras e secadoras de roupas, fornos elétricos e de microondas, refrigeradores auto-descongelantes (os frost free), fogões auto-limpantes, lavadoras de louças, aspirador de pó, ferro elétrico, e os aparelhos eletroeletrônicos como televisores, rádios e similares.

O emprego da tecnologia significou para a mulher no Brasil das últimas décadas, uma potente ferramenta de emancipação, principalmente quando a tecnologia da comunicação foi introduzida definitivamente em sua realidade. E o telefone, tanto o fixo quanto o móvel e a internet, romperam com a barreira espacial que a separava do mundo exterior. Hoje, embora ainda conviva com desafios como o de dominar outros idiomas, a mulher brasileira teve seu universo de saber ampliado, seu desempenho profissional maximizado e sua chance de realização como pessoa, potencialmente aumentada.


A tecnologia na História- Dos martelos de pedra ao controle do fogo, da foice ao arado, do aprimoramento das técnicas com os metais à descoberta da roda, da criação dos barcos de junco e das balsas de madeira, que provocaram um grande avanço no transporte, a tecnologia avançou e difundiu-se, simultaneamente. Com o surgimento da cidade a tecnologia não pode ser descrita apenas em termos de ferramentas simples. Porque a cidade é, em si mesma, um sistema tecnológico. Alguns elementos como a ferradura e a carruagem aceleraram o transporte de pessoas e mercadorias. Houve também mudanças importantes na tecnologia marítima. Duas invenções medievais, o relógio e a imprensa, tiveram grande influência em todos os aspectos da vida humana. A Revolução Industrial levou a um novo modelo de divisão de trabalho, criando a fábrica moderna, uma rede tecnológica, cujos trabalhadores não precisavam ser artesãos e não tinham que possuir conhecimentos específicos. Algumas realizações da engenharia, como a construção do canal de Suez, do canal do Panamá e da Torre Eiffel, despertaram orgulho e, em grande medida, assombro. O telégrafo e a ferrovia interligaram a maioria das grandes cidades. Ao final do século XIX, a lâmpada elétrica, inventada por Thomas Edison, começou a substituir as velas e os lampiões. E, em trinta anos, todas as nações industrializadas geravam energia elétrica para a iluminação e para uso em outros sistemas. Algumas das invenções dos séculos XIX e XX, como o telefone, o rádio, o automóvel a motor e o avião revolucionaram o modo de vida e trabalho de muitos milhões de pessoas. As sociedades industriais se transformaram com rapidez, graças ao aumento da mobilidade, à comunicação rápida e a uma avalanche de informação disponível nos meios de comunicação. Hoje, o desenvolvimento de computadores, transistores, eletrônica e as tendências para a miniaturização têm causado profundo efeito sobre a sociedade, tornando portáteis os rádios e aparelhos de som e mais recentemente, o desenvolvimento da microeletrônica que reduziu os computadores ao tamanho das mãos. Porém, o que é mais novo em termos de tecnologia é o fenômeno chamado nanotecnologia- um trabalho que consiste em desenvolver técnicas que capacitam o homem a manipular átomos e moléculas, que são as partículas básicas do universo. A nanotecnologia tem criado aparelhos imperceptíveis ao olho humano, como o nanocarro, por exemplo, que enfileirados 20.000 deles teriam a espessura média de um fio de cabelo. A maquineta tem 4 nanômetros de comprimento, usa moléculas em vez de rodas e circula na corrente sanguínea, onde deverá ser empregada para diagnóstico e tratamento de várias doenças.

Relação feminina com a tecnologia- A mulher brasileira mudou o aspecto de sua casa quando migrou da utilização das gamelas de madeira, das cuias de cabaça, dos balaios e peneiras de taquara para os utensílios em porcelana, vidro e aço inoxidável. Mas o que provocou uma grande mudança em si mesma foi, sem dúvida, uma tecnologia, então avançada, desde que trouxe para seu convívio, os primeiros eletrodomésticos. Depois vieram os de uso pessoal como secador de cabelos, depilador de pelos, aparelhos de massagem, os de empregados variados como dispositivos para portões eletrônicos, alarmes para carro etc. Seguiram-se a eles os relacionados á tecnologia de comunicação como os aparelhos celulares, câmeras fotográficas, câmeras de vídeo, bips, computadores de mesa, computadores portáteis etc. Algumas destas tecnologias foram incorporadas de tal forma ao cotidiano da mulher que passam despercebidas, independentemente de sua importância e complexidade, como os cartões eletrônicos de crédito e os de débito bancário e o telefone, fixo e móvel. Mas os avanços prometem prosseguir. A maioria dos aparelhos tecnológicos do futuro ainda não passa de projetos no nível de artes conceituais, mas são muito interessantes. Fazem parte destas inovações certos computadores compactos, cozinhas com aparelhos multimídia como sistemas de vídeo e áudio que permitem navegar pela internet, projetores digitais ultracompactos para vídeo- conferências, lâmpada de mesa que vira computador portátil com drive de CD e tela sensível ao toque, etc. Porém é a tecnologia já disponível, que abastece o sonho de consumo da mulher brasileira e os produtos campeões de vendas no Natal e Dia das Mães, são de longe, os tecnológicos.

A mulher brasileira on-line- Segundo dados publicados em 09/11/05 pela Organização das Nações Unidas (ONU), a maior população de internautas continua sendo dos Estados Unidos, com 185 milhões de usuários. A China aparece em segundo lugar, com 95 milhões de usuários. O Japão tem 75 milhões de usuários e a Alemanha com 41 milhões. O Brasil aparece na décima posição, com 22 milhões de pessoas conectadas à internet. A mesma estatística mostra ainda que 12 em cada 100 brasileiros têm acesso à rede e 8,9 contam com um computador e que são 19 milhões deles, conectados, no País. E, nos Estados Unidos, pesquisas realizadas sobre Internet, pela empresa Nielsen/NetRatings indica que a parcela feminina já alcançou igualdade com os homens no uso da rede, a mesma apontou a existência de 50,8% de internautas mulheres enquanto a NFO Interactive mostra que 58% dos compradores online são do sexo feminino. No Brasil, outra empresa especializada em medição de audiência na Internet, a Media Metrix identificou um crescimento na participação de mulheres plugadas de 45% para 48,5% de setembro a dezembro de 2000. Nos anos que se seguiram a estes resultados as estimativas apontam um aumento muito considerável de internautas femininas brasileiras. É crescente o número de brasileiras interessadas em bem mais do que receitas de bolos, dietas, decoração e horóscopo. Que utilizam a Internet como uma grande aliada em sua busca por informação e saber. Tal comportamento registrado nos últimos anos desmistifica cabalmente, mais um preconceito social construído para o “sexo frágil”, o da falta de intimidade das mulheres com o computador e o mundo cibernético.

A mulher contemporânea, sem perder de vista o seu olhar plástico sobre o mundo, se voltou irremediavelmente para os produtos tecnológicos, que maximizam seu tempo e promovem qualidade de vida, entre eles os veículos, que lhe proporcionam conforto e liberdade. Tanto é que um dos gerentes de vendas, durante o último Salão do Automóvel em São Paulo, edição 2006, afirmou que 50% do público consumidor é feminino e que nos outros 50% o gosto da mulher é determinante. Explicou que, por esta razão, a feira trouxe modelos com formas mais arredondadas e acessórios que satisfazem aos interesses do segmento. Acrescentou ainda que, enquanto o homem olha o carro de fora para dentro, a mulher o vê de dentro para fora. A perspicácia daquele gerente em observar o prisma feminino com relação a carros pode perfeitamente ser estendida para outras dimensões de sua vida. Pois é mesmo assim, de dentro para fora que a mulher vê o mundo, no filtro de suas emoções. Paradoxalmente, o que a torna tão vulnerável e tão forte. Nota-se que a tecnologia penetrou na casa brasileira pela porta da frente, como convidada. Foi recebida como hóspede, mas aos poucos incorporou-se à vida da mulher de todas as idades, como uma parceira inseparável na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte as separe.

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