quarta-feira, 23 de junho de 2010

NO RITMO DAS QUADRILHAS


As Festas Juninas originaram-se em uma festa pagã celebrada em vários países europeus, cristianizada na Idade Média como “Festa de São João”. De acordo com historiadores, esta festividade foi trazida para o Brasil pelos portugueses durante o período colonial. As Festas Juninas no Brasil, sofreram influências de portugueses, chineses, espanhóis e franceses. 

Da França veio a quadrilha "quadrille". A tradição de soltar fogos de artifício veio da China, região de onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Da península Ibérica teria vindo a dança de fitas, muito comum em Portugal e na Espanha. Todos estes elementos culturais foram, com o passar do tempo, misturando-se aos aspectos culturais dos brasileiros (indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus) nas diversas regiões do país, tomando características particulares em cada uma delas. 

 As festas juninas brasileiras podem ser divididas em dois tipos distintos: as festas da Região Nordeste e as festas do Brasil caipira. No Nordeste brasileiro as festas Juninas ganham uma grande expressão, com fartura de comida, quadrilhas, casamento matuto e muito forró. Além de alegrar o povo da região, as festas representam um importante momento econômico, pois muitos turistas visitam cidades nordestinas para acompanhar os festejos. Hotéis, comércios e clubes aumentam os lucros e geram empregos nestas cidades. No interior de São Paulo e em outras regiões brasileiras ainda se mantêm a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras. 

O figurino apropriado para se comparecer à festividade é trajes de matutos: os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de chita, tranças e fitas nos cabelos e chapéu de palha.


Elementos da Festa Junina
A fogueira-De origem européia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão e Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.

Os balões - Este costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil. Está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. O uso de balões e fogos de artifício durante o São João no Brasil, Fogos de artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa no Nordeste, em outras partes do Brasil. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Os balões serviam para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se identificar o início da festança. Os balões, no entanto, constituem atualmente uma prática proibida por lei em muitos locais, devido ao risco de incêndio. Durante todo o mês de junho é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas, conhecidas por nomes como traque, chilene, cordão, cabeção-de-negro, cartucho, treme-terra, rojão, buscapé, cobrinha, espadas-de-fogo.


O mastro de São João- O mastro é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas em geral três bandeirinhas simbolizando os santos. Tendo hoje em dia uma significação cristã bastante enraizada e sendo, entre os costumes de São João, um dos mais marcadamente católico, levantamento do mastro tem sua origem, no entanto, no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa. Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal é também erguido em junho e a celebrar as festas desse mês — o mesmo fenômeno também ocorrendo na Suécia, onde o mastro de maio, "majstången", de origem primaveril, passou a ser erguido durante as festas estivais de junho, "Midsommarafton". O fato de suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de práticas pagãs similares em torno do mastro de maio. Em Lóriga a tradição do Cambeiro é celebrada em Janeiro. Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e os seus enfeites.


A Quadrilha- No nordeste brasileiro, o forró assim como ritmos aparentados tais que o baião, o xote, o reizado, o samba-de-coco e as cantigas são danças e canções típicas das festas juninas. Mas, tradicionalmente, a quadrilha ainda é a principal das danças nestes festejos. A quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a "quadrille", em voga na França entre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A "quadrille" veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX , já que era a última moda de Paris. Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos. A partir de então, a quadrilha passou a ser um fenômeno brasileiro popular e rural.


Comidas típicas e o Arraial - Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica e a pamonha. O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos. Como o mês de junho é a época da colheita do milho, grande parte dos doces, bolos e salgados, relacionados às festividades, são feitos deste alimento. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são apenas alguns exemplos. Além das receitas com milho, também fazem parte do cardápio desta época: arroz doce, bolo de amendoim, bolo de pinhão, bom-bocado, broa de fubá, cocada, pé-de-moleque, quentão, vinho quente, batata doce e muito mais.


Simpatias, sortes e adivinhas- O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar, é cheio de intimidades, mesmo irreverente e debochado. Esse caráter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos feitos a esses santos. Em algumas simpatias feitas para Santo Antônio, as moças solteiras, desejosas de se casar, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, a imagem permanece de cabeça para baixo. Outra simpatia consiste em amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido. Ainda, para se arrumar namorado ou marido, deve se pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama. Ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido. Há ainda os que “cozinham” as imagens dentro do caldeirão junto com o feijão até encontrar-se o objeto que estava perdido.

Os festejos populares brasileiros ressaltam, simultaneamente, o lado religioso e o profano da nação. À Festa do Divino de Trindade (GO), acrescentaram shows sertanejos. Nas Festas Juninas o lado profano está presente desde a origem. Outra característica importante destas festividades é o humor do povo brasileiro, mesmo seu humor-negro.‘Torturam e chantageiam’ os santos homenageados e ironizam a desgraça nacional no "figurino" do trabalhador rural do Brasil, um cidadão maltrapilho e banguela da segunda maior carga tributária do mundo . Este é mesmo um povo muito festeiro. Até o Presidente da República desfilava em trajes de Festa Junina no “Arraiá do Torto”, a Residência Oficial dos Presidentes da República. Festa regada a um pouco de ‘quentão’ e muito de ‘bem gelada’, no ritmo das quadrilhas de Brasília. Que senso de humor, o brasileiro! Que País pândego!

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